terça-feira, 26 de julho de 2011

Dólar

DÓLAR EM PONTO MORTO: a crise mundial de 2008 e a crise européia da atualidade têm inundado o Brasil de dólares. Sem saber o que fazer, o país paga juros muito acima da média mundial e, com boas perspectivas econômicas, acumula entrada de dólares também por investimentos diretos. A administração econômica do Brasil (Mantega, Tombini & Cia.) está diante de uma armadilha de difícil superação: o real se valoriza a cada dia e chegamos a uma proporção inusitada na paridade dólar real (R$ 1,50 por dólar). Quando se iniciou o Plano Real, em 1994, a paridade, mantida artificialmente por alguns anos, foi de um por um. Durante esse período de 17 anos, a inflação acumulada do real foi bastante significativa (297,20%), acima percentualmente do que hoje representam, comparativamente, os valores das moedas estrangeiras. A economia americana contribuiu piorando e emitindo muito. O governo acredita que mexer no dólar é ruim, mas, acreditam outros, deixá-lo como está poderá ser pior. A indústria brasileira está sofrendo sérias conseqüências, especialmente porque o euro e o yuan se comportam frente ao real na mesma proporção, dificultando exportações e facilitando importações. Alberto Tamer, que escreve para o Estadão, diz que há duas correntes sobre o assunto: "uma, olha com reserva esse cenário que não é novo. Ao contrário, vem se repetindo no correr dos últimos seis meses, mesmo sem o aumento de liquidez proporcionado pelas emissões diretas e indiretas do banco central americano"; "na outra, o problema tem origens mais remotas e profundas, a ver com preços relativos e as excepcionais condições da economia brasileira para atrair investimentos" (07-07-11). Entender esses complicados mecanismos é difícil. Os especialistas se dividem em relação às medidas que podem ser tomadas e, na maioria, dizem que as providências tópicas (aumento do Imposto sobre Operações Financeiras e outras) não são eficientes. Apontam também que no mês de junho o fluxo cambial foi 2,56 bilhões de dólares negativos e, ainda assim, o real se valorizou. Para os trabalhadores, é quase impossível tentar conhecer a profundidade do problema. Só sabem que estão perdendo empregos e que o governo não tem um caminho definido para solucionar o impasse cambial. Afora as análises técnicas, cheia de expressões do economês diário, existem as pressões políticas: os industriais exportadores estão desesperados e as centrais de trabalhadores vêm criticando e defendendo o protecionismo, uma praga da primeira metade do século passado. O excesso de importações de bens de consumo ajuda a controlar a inflação. É um problema atrás do outro. Governar não é fácil!